Louis Armstrong (Nova Orleans, 4 de agosto de 1901 — Nova Iorque, 6 de julho de 1971), (também conhecido pelos apelidos de Satchmo e Pops) é considerado "a personificação do jazz"[1]. Com sua voz e sua personalidade indiscutivelmente inconfundíveis e até hoje conhecidas até por aqueles que não são aficcionados por jazz, Louis Armstrong é um dos maiores expoentes do Jazz tanto como cantor quanto por primeiro grande solista, com seu trompete.
Infância e Juventude
Trompetista, cornetista e cantor de jazz natural dos Estados Unidos da América, Louis Armstrong é natural de Storyville, distrito de New Orleans conhecido por sua diversidade de ambientes. De prostíbulos a igrejas, passando por estabelecimentos diversos, Louis Armstrong conviveu nesse ambiente com a enorme pobreza em que nasceu e passou sua infância.
Tão logo Louis nasceu, seu pai abandonou sua família. Conciliando a liberdade das ruas e o trabalho para o sustento da família, o pequeno Louis desenvolvia-se e tornava-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida árdua. Tão logo conseguiu comprar uma corneta, sozinho começou a aprender a tocá-la. Além do sopro, cantava com um grupo pelas ruas e avenidas por alguns trocados.
Os motivos que o levaram a um reformatório enquanto jovem são nebulosos. Algumas biografias citam que o motivo foi uma confusão na rua[2]. Já outras que o motivo foi Louis atirar algumas vezes para cima com um revólver em uma comemoração, um policial ver a cena e encaminhá-lo a um reformatório, onde passaria um ano e meio de sua jovem vida[3]. Porém, contrariando todas as prerrogativas, foi justamente essa temporada no reformatório que o fez ter um contato intensivo com a música, estudando com mais afinco bugle e corneta na banda do reformatório, banda que depois viria a liderar. No mesmo local começou a aprender harmonia.
Já livre, fez diversos pequenos trabalhos para se sustentar, aproveitando cada oportunidade para conseguir emprestado uma corneta e tocar onde fosse possível dentre as inúmeras bandas que fervilhavam por Nova Orleans - uma música que, no entanto, ainda não caracterizava o jazz.
Armstrong se casou, ao todo, quatro vezes. A primeira delas aos 17 anos com uma prostituta de Louisiana. Mas a sua quarta esposa, Lucille, foi a mulher de sua vida.
O início de tudo
A musicalidade inata e evidente de Armstrong, aliada à disciplina técnica que adquirira na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo próprio, intrínseco e virtuosístico que se mostrava opção latente ao estilo reinante em New Orleans naquela época. Por volta de 1917, Joe “King” Oliver, ao perceber o enorme talento do jovem, acolheu Armstrong sob sua proteção, recomendou Armstrong para substituí-lo na banda de Kid Ory quando foi para Chicago em 1918. Louis tocou com a banda de Fate Marable entre 1919 e 1921, porém voltou em 1922 para Chicago a fim de se juntar novamente a Oliver. Em 1924, casa-se com Lillian Hardin, pianista do conjunto de Oliver (segunda de suas quatro esposas). Por incentivo de sua recém-esposa, Louis acaba por deixar Oliver e entrar para a orquestra de Fletcher Henderson em Nova Iorque, onde ficou por pouco mais de um ano.
Trajetória de sucesso
A estréia de Armstrong como um líder se deu em 12 de novembro de 1925 com a criação do grupo Hot Five. Nos anos que se seguiram, Armstrong gravaria muito: junto aos Hot Five de 1925-1926, Hot Seven de 1927 e os Hot Five novamente de 1928 - os mais aclamados (esses com seis integrantes), com Earl Hines ao piano. Essa série de gravações é um marco histórico, ocupando um lugar central na história do jazz. Nelas, a genialidade de Armstrong se revela em sua plenitude. Durante esse período, Armstrong trabalha também com inúmeras orquestras. É nessa época que Louis definitivamente troca a corneta pelo trompete.
A partir de 1929, Armstrong deixa de lado os conjuntos pequenos para passar dezenove anos trabalhando apenas à frente de grandes orquestras, sempre como estrela e solista absoluto. Em 1932 e 1933 estréia em turnês pela Europa. Em 1938, Louis e Lilian (2ª esposa) se divorciam e ele se casa com Alpha Smith (3ª esposa). Em 1942, casa-se com Lucille Wilson, a qual viria a ser a mulher da sua vida até a morte. Nos anos 40, influenciado com o declínio do swing no pós-guerra, a música de Armstrong passa a começar a ser considerada pelo público como um tanto fora de moda e antiquada.
Em 1948, genialmente forma o Louis Armstrong and His All Stars, um sexteto apenas com grandes músicos, naqueles moldes do seu segundo Hot Five, agora com a participação do ex-clarinetista de Duke Ellington, Barney Bigard, o notável trombonista Jack Teagarden, o baixista Arvel Shaw, o grande baterista Sid Catlett, e o mestre Earl Hines ao piano. Esse conjunto se revela o contexto-base ideal para o desenvolvimento da essência da arte de Armstrong. Com o sexteto, Armstrong viaja em turnê por todo o mundo. Entretanto, ao passar o tempo, sucessivas mudanças ocorreram nos músicos dos All Stars, o padrão musical caiu sensivelmente, e a música se tornou mais previsível. Nas décadas de 50 e 60, Armstrong sobressai-se e torna-se uma celebridade sem paralelo no mundo da música popular, graças não só às suas muitas turnês e gravações, mas também às suas participações em filmes.
A figura mitológica de Louis Armstrong
É difícil caracterizar um só motivo para toda a fama de Armstrong, de proporções praticamente mitológicas, plenamente merecidas. Ele praticamente caracterizou uma nova forma de fazer jazz, tornando-se seu primeiro grande virtuose. Como instrumentista, Armstrong expandiu os limites de seu instrumento ao ampliar a extensão do trompete até notas consideradas inacessíveis aos executantes anteriores, de tão agudas. Seu som é límpido, quente e penetrante, aliado a um [[vibrato]] absolutamente regular nos finais de frases, como poucos na história do jazz. Seu fraseado é admiravelmente focalizado e, acima de tudo, inventivo: Armstrong inicia e termina suas frases em pontos que nunca são previsíveis. Ao improvisar, parece não possuir limites. A maioria dos trompetistas que vieram depois de Armstrong o tem como ídolo e ícone de seu instrumento.
Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais. Foi especialmente com essa imagem que Louis ficou gravado no inconsciente coletivo. Com diversos hits gravados, incluindo "Stardust", "What a Wonderful World", "When The Saints Go Marching In", "Dream a Little Dream of Me", "Ain't Misbehavin'", "Stompin' at the Savoy", "We Have All the Time in the World" (da trilha de James Bond), é inegável o também sucesso como cantor de Louis Armstrong. Porém, dentre todas as composições, "What a Wonderful World" é talvez a que mais emocione, tanto pela belíssima letra, quanto pela interpretação única e magnífica de Louis. Seu timbre rouco e grave com certeza seria considerado impróprio para qualquer outro gênero musical. A entonação e o modo como Armstrong construía suas frases musicais aliando um timing perfeito, sensibilidade para cada nota e seu poder de organização dentro da divisão quebrada característica do jazz são fatos marcantes.
Louis Armstrong é exemplo de personalidade que alcançou grande êxito tanto em sua área de atuação, no caso sua música, quanto como ser-humano.
Discografia
1923 – King Oliver's Creole Jazz Band (Gennett, Okeh, Columbia, and Paramount. Many reissues.)
1924-1925 – Clarence Williams' Blue Five (Okeh. Many reissues)
1925-1927 -"Louis Armstrong & His Hot 5/Louis Armstrong & His Hot 7" (Okeh. Many reissues)
1947 – Satchmo at Symphony Hall, Vol. 2 [live] (Decca)
1951 – Satchmo at Pasadena [live] (Decca)
1954 – Louis Armstrong Plays W.C. Handy (Columbia/Legacy)
1955 – Louis Armstrong at the Crescendo, Vol. 1 [live] (Decca)
1956 – Ella and Louis (Verve) junto a Ella Fitzgerald
1957 – Ella and Louis Again (Verve) junto a Ella Fitzgerald
1957 – Porgy and Bess (Verve) junto a Ella Fitzgerald
1961 – Together for the First Time [With Duke Ellington] (Roulette)
1963 - Hello, Dolly!
1997 – The Complete Ella Fitzgerald & Louis Armstrong on Verve (Verve)
2006 – Complete New York Town Hall & Boston Symphony Hall Concerts (DeFinitive)
Filmografia
Ex-Flame (1930)
A Rhapsody in Black and Blue (1932)
I'll Be Glad When You're Dead You Rascal You (1932)
Pennies from Heaven (1936)
Artists & Models (1937)
Every Day's a Holiday (1937)
Dr. Rhythm (1938)
Going Places (1938)
Cabin in the Sky (1943)
Show Business at War (1943)
Jam Session (1944)
Atlantic City (1944)
Pillow to Post (1945)
New Orleans (1947)
A Song Is Born (1948)
Young Man with a Horn (1950)
I'm in the Revue (1950)
The Strip (1951)
Glory Alley (1952)
The Road to Happiness (1953)
The Glenn Miller Story (1953)
High Society (1956)
Satchmo the Great (1958) (documentário)
The Night Before the Premiere (1959)
The Five Pennies (1959)
The Beat Generation (1959)
La Paloma (1959)
Kærlighedens melodi (1959)
Jazz on a Summer's Day (1960)
Paris Blues (1961)
Auf Wiedersehen (1961)
When the Boys Meet the Girls (1965)
Hello Dolly! (1969)
West End Blues